O Boavista comprou a sexta vitória consecutiva na Liga 2005/06 nos descontos. Procurou muito, andou à procura da melhor forma para o conseguir ao longo de grande parte do encontro, mas conseguiu mesmo reunir as condições necessárias para garantir os três pontos: raça, determinação e preserverança. O Rio Ave marcou primeiro, utilizou todos os meios para evitar sair do Estádio do Bessa de mãos a abanar (quinto jogo dos vila-condenses sem vencer), mas sucumbiu nos lances de bola parada, único meio para violar as redes contrárias no encontro inaugural da 23ª jornada da Liga 2005/06. Este «Boavistão» de Carlos Brito é um caso sério de sucesso e chegou à zona europeia, ultrapassando à condição o Nacional da Madeira.
O Rio Ave colocou precocemente um ponto final num ciclo de quatro jogos sem sofrer golos, por parte da formação axadrezada. Bruno Mendes conseguiu surpreender Carlos Brito, seu anterior técnico, como que lembrando ao treinador do Boavista a falta de oportunidades concedidas ao defesa no seu legado em Vila do Conde. A equipa da casa sofria a frio, passava pelo mesmo tormento a que votou inúmeros adversários no decorrer da temporada e alguns jogadores, como Paulo Sousa, não conseguiram esconder algum nervosismo. Carlos Brito esperou pouco mais de meia-hora, antes de alargar a frente de ataque com a entrada de Paulo Jorge, para alargar o caudal ofensivo da sua equipa, até então extremamente dependente de Zé Manuel.
A formação vila-condense agarrava-se com unhas e dentes ao golo, depois de três jogos sem sentir o seu sabor, e aproveitava o carrossel bem oleado do sector intermediário para manter o Boavista relativamente longe da baliza de Mora, capaz de responder à altura quando o cerco era violada. De bola parada sofremos, com bola parada marcamos, pensaram os axadrezados, encontrando na cabeça de Ricardo Silva a solução para alcançar a igualdade (41m). O golo surgia numa altura crucial do encontro e permitia à equipa da casa regressar aos balneários com um horizonte menos cinzento.
Na etapa complementar, o argumento que tinha dominado os primeiros quarenta e cinco minutos assumiu contornos ainda mais dramáticos, com o Rio Ave no papel de vilão para os adeptos locais, recorrendo até às habituais perdas de tempo para interromper a caminhada vitoriosa do «Boavistão» de Carlos Brito. Obrigada a assumir declaradamente a iniciativa de jogo, a equipa da casa sentiu-se como peixe fora de água, perdeu com o decorrer dos minutos a coesão que lhe é benéfica e sentiu-se demasiado orfã de João Pinto, desta vez sem o poder para desequilibrar os pratos da balança a favor dos seus.
Temia-se, nas hostes axadrezadas, novo empate a uma bola, repetindo o resultado da primeira volta e confirmando as dificuldades de Carlos Brito em vencer o seu anterior emblema. Pelo meio, excesso de protagonismo para Artur Soares Dias e seus auxiliares. Uma série de decisões contestadas, alguns foras-de-jogo duvidosos, uma expulsão contestada de Danielson nos minutos finais e um lance recorrente nas últimas jornadas da Liga 2005/06, com Niquinha a desviar a trajectória da bola com o braço no interior da sua área, após remate de Paulo Jorge.
O Boavista sempre teve uma queda para os descontos, comprou dessa forma várias vitórias, sobretudo na época passada, e voltou a fazê-lo para derrubar a muralha vila-condense, entretanto enfraquecida pela expulsão de Danielson. Decorria o segundo minuto do período de compensação quando Manuel José olhou para a baliza, tirou as medidas e cobrou o livre directo, fazendo a bola anichar-se junto ao ângulo da baliza de Mora. A sexta vitória consecutiva na Liga 2005/06, oitava se entrar na contabilidade os dois triunfos na Taça de Portugal, estava assegurada.
Carlos Brito (Boavista): «A minha equipa foi sempre superior»
Carlos Brito, treinador do Boavista, salientou a justiça do desfecho do embate com o Rio Ave.
«É uma vitória mais que justa, alcançada com um golo nos últimos minutos, que tem sempre outro sabor. Se há equipa que quero que ganhe, para além da minha, é o Rio Ave, mas tenho que dizer que a minha equipa foi sempre superior. Tirando o remate que permitiu ao Rio Ave marcar, todas as oportunidades foram nossas. O Boavista teve a felicidade justa, como o Rio Ave teve na primeira volta, quando empatou nos últimos minutos. Hoje, acho que foi uma forma justa de justiça. Compreendo que para o adversário seja penoso, desejo as maiores felicidades ao Rio Ave e ao António Sousa. Estamos a ter um pouco de felicidade que não tivemos na primeira volta. Já saíram oito jogadores desde que fui apresentado, mas o Boavista, dentro da sua humildade, conseguiu superar isso, assimilar processos, alguns jogadores subiram de forma, e isso ajuda a explicar esta ciclo de vitórias. Desta vez, julgo que o Boavista vence de forma categórica.»
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