segunda-feira, setembro 12, 2005

BOAVISTA 4 - PAÇOS DE FERREIRA 1






Assim, sim, assim vale a pena ir à bola. Pelos golos, um deles, de Fary, simplesmente fantástico, pela emoção do princípio ao fim, pelo ritmo estonteante em determinados períodos, Boavista e Paços de Ferreira protagonizaram um verdadeiro espectáculo de gala. E mais ainda. Com muito esforço, suor e trabalho, o Boavista conseguiu disfarçar a inferioridade numérica em toda a segunda parte e o Paços respondeu com autoridade e foi sempre um adversário temível.
É de jogos como aquele que ontem se assistiu no Bessa que o futebol português precisa. Num filme recheado de momentos de acção, Fary assumiu o papel principal, abrindo caminho para uma vitória justíssima e que, por ser a primeira do campeonato, transmite confiança para o futuro próximo. O primeiro golo é uma verdadeira obra-prima e, logo ali, se percebeu que estavam reunidas o jogo seria um louvável exemplo da arte de bem jogar à bola.
As estratégias adoptadas pelos dois técnicos deram a entender que estavam lançados os dados para um jogo aberto, disputado taco-a-taco e sem receios. Tanto Carlos Brito como José Mota optaram por esquemas em tudo idênticos: quatro defesas, um médio mais recuado, dois mais adiantados em cada uma das pontas de um bem desenhado triângulo, e três avançados.
O Boavista foi ganhando espaços no meio-campo contrário, chegando, aqui e ali, com perigo junto à baliza de Peçanha. Numa dessas tentativas, Fary fez um golo de bandeira, pondo fim a um longo jejum sem marcar.
O Paços reagiu ao golo sofrido, carregou no último quarto-de-hora e partiu para a segunda parte cheio de esperança em dar a volta ao texto, motivado, acima de tudo, pela expulsão, justa, de Lucas. O domínio dos pacenses acabaria por ser contrariado pelo segundo golo dos axadrezados, com Zé Manuel a concluir mais um excelente apontamento de Fary. Coincidência ou não, tal como como aconteceu no primeiro, este golo é sequência de uma situação de perigo para a baliza de William.
Nem assim o Paços baixou os braços. Pouco depois de ter entrado, Rui Dolores completa um bom cruzamento de Primo. Estava dado o mote para um final emocionante, tendência contrariada por mais um contra-ataque eficaz do Boavista, desta vez concluído por Diogo Valente. A história de um jogo fantástico seria terminada por Cafu, engordando a conta que, diga-se em abono da verdade, ficou com números exagerados.

Ficha do jogo:
1 – William
2 – Rui Duarte
5 – Areias
7 – Zé Manel
8 - Guga
9 - Fary
12 - João Pinto
20 - Cadú
22 - Lucas
37 - Hélder Rosário
81 - Manuel José
Substituições:
Entrou Cissé saiu João Pinto aos 45 m
Entrou Cafú saiu Fary 61m
Entrou Diogo Valente saiu Guga aos 70m


Carlos Brito em declarações após o final do jogo com o Paços de Ferreira:

«Tenho nos meus jogadores um exemplo de atitude, boa vontade e querer. É o segundo jogo em que ficámos reduzidos a dez unidades e isso causa um grande desgaste. O Boavista não é, nem de longe nem de perto, uma equipa maldosa na disputa do jogo. Às vezes até é muito macia. Tenho de dar os parabéns aos meus jogadores, porque deram tudo para vencer. Não foi fácil e até considero que o resultado é exagerado. Estou feliz pela primeira vitória. Espero que esta vitória seja o relançar de uma equipa que quer conquistar o lugar a que se propôs no início da época».
Sobre o regresso de Fary aos golos: «O Fary não precisa de apresentações. Esteve uma época praticamente parado, o que é mau para o futebol. Fico feliz por ele. É um prazer enorme vê-lo regressar. Vale por aquilo que é, transmite muita alegria aos companheiros».


«Sempre disse que se tivesse saúde tudo me ia correr bem», exulta Fary

Fary, jogador do Boavista e autor do primeiro golo do Boavista, em declarações após o final do jogo com o Paços de Ferreira:
Sobre o regresso aos golos um ano e cinco meses depois: «Finalmente! Como conseguimos ganhar fico ainda melhor. Senti uma grande alegria. Depois de quase um ano parado não é fácil voltar a jogar, mas fiquei feliz pelas pessoas que tiveram confiança em mim. Sempre disse que quando tivesse saúde tudo ia correr bem para mim neste clube. Nunca senti falta de confiança, porque tive a ajuda de muita gente, desde jornalistas a presidentes e jogadores de outros clubes. Nunca me senti só e sabia que um dia ia dar uma alegria a todos os que me apoiaram».

VITÓRIA JUSTA E IMPORTANTE PARA O RESTO DO CAMPEONATO....

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